Pesquisa analisa a gestão da saúde pública no controle da hanseníase
A pesquisa de dissertação do mestrado em Biociências e Saúde, da professora Flávia Hoffmann Palú, analisou a gestão da saúde pública no controle da hanseníase nos municípios pertencentes à Vigilância Epidemiológica da Regional de Saúde de São Miguel do Oeste, entre janeiro de 2004 a dezembro de 2014. Os resultados da pesquisa, orientada pela professora […]
Publicado em 19/12/2016
Por Unoesc
A pesquisa de dissertação do mestrado em Biociências e Saúde, da professora Flávia Hoffmann Palú, analisou a gestão da saúde pública no controle da hanseníase nos municípios pertencentes à Vigilância Epidemiológica da Regional de Saúde de São Miguel do Oeste, entre janeiro de 2004 a dezembro de 2014. Os resultados da pesquisa, orientada pela professora Sirlei Fávero Cetolin, foram apresentados, esse mês, a profissionais da saúde no auditório da Unoesc.
Segundo a professora Flávia, em um período de 10 anos, foram diagnosticados 193 pacientes com hanseníase na regional. No ano de 2012, a Regional de Saúde de São Miguel do Oeste foi a que mais detectou casos em todo o Estado de Santa Catarina, com um coeficiente de 9,3 casos para cada 10 mil habitantes.
— Esse dado demonstra que os profissionais estão vigilantes e detectando a hanseníase. Entretanto, o dado aponta também que temos casos na região que não estão sendo tratados, uma vez que a hanseníase somente é transmitida a partir de doentes que não estão realizando tratamento poliquimioterápico — explica a professora.
Em 2013, Santa Catarina apareceu no ranking como o segundo Estado com maior percentual de casos novos com grau de incapacidade dois. Nesse grau da doença, há acometimento dos nervos periféricos e alterações visíveis no corpo, como por exemplo, mãos em forma de garra e os pés caídos.
— Isso pode estar relacionado a dois fatores: os profissionais de saúde estão demorando para fazer o reconhecimento da doença ou os pacientes estão procurando, tardiamente, ajuda nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) — afirma a professora.
A pesquisa também propôs políticas públicas para erradicar a hanseníase. Flávia salienta que o Estado e os municípios devem promover e intensificar ações de controle da doença, por meio da educação permanente. A professora ressalta que a busca ativa deve ser estimulada entre os profissionais da saúde, além de ser desenvolvidas ações de acompanhamento após o tratamento, evitando incapacidades físicas. Há também a necessidade de preparar mais profissionais para o diagnóstico clínico, não se baseando apenas no exame de baciloscopia.
A Hanseníase
O paciente com hanseníase apresenta, principalmente, lesões cutâneas com diminuição de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, que podem levar a incapacidades físicas permanentes, muitas vezes com deformidades, caso não tratadas adequadamente. Uma das formas de prevenção é manter um sistema imunológico eficiente.
Flávia ressalta que muitos pacientes sofrem preconceito, o que favorece o isolamento social, o surgimento da depressão e a dificuldade em ser inserido no mercado de trabalho.
— Pacientes relatam que, após a doença, não existe mais vida social, pois as pessoas evitam sentar perto e conversar com eles, já que acreditam que podem adquirir a doença. Entretanto, após o paciente tomar a primeira dose do tratamento, a carga bacilar cai acentuadamente, dificultando ou até mesmo impedindo a transmissão — frisa a professora.
Flavia diz que, apesar da hanseníase ser uma doença negligenciada e estigmatizada na vida dos doentes, os profissionais da saúde lutam para mostrar à população que a hanseníase tem cura e não causa sequelas e incapacidades físicas, quando diagnosticada precocemente.