Página inicial O que acontece Pesquisadores da Unoesc investigam índice de matrículas na educação superior
Graduação Pesquisa Joaçaba

Pesquisadores da Unoesc investigam índice de matrículas na educação superior

O professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da Unoesc, doutor Luiz Carlos Lückmann, e o mestrando do Programa, Ilson Roberto dos Santos, desenvolveram a pesquisa “Os indicadores demográficos, socioeconômicos e educacionais da mesorregião Oeste catarinense e suas implicações junto à educação superior”. O projeto, que recebeu recursos do Fundo de Apoio à Pesquisa […]


O professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da Unoesc, doutor Luiz Carlos Lückmann, e o mestrando do Programa, Ilson Roberto dos Santos, desenvolveram a pesquisa “Os indicadores demográficos, socioeconômicos e educacionais da mesorregião Oeste catarinense e suas implicações junto à educação superior”.

O projeto, que recebeu recursos do Fundo de Apoio à Pesquisa (Fape) da Unoesc, identificou os fatores – redução da população, estagnação econômica e queda no número de matrículas em todos os níveis de ensino – que implicam na estabilidade do número de matrículas em relação ao ensino superior.

Verificou-se, com base nos dados do IBGE, que entre os anos 2000 e 2012 houve um decréscimo da população da mesorregião Oeste com idade entre 0 e 19 anos (-14,83%). A redução da população foi mais acentuada nas faixas etárias até os 9 anos (20%). Já na faixa etária entre 10 e 14 anos, a redução foi de 7,68% e entre 15 e 19 anos, o decréscimo foi de 1,65%. Inversamente às faixas etárias mais jovens, a que se encontra entre 20 e 29 anos teve crescimento de 15,36%. Esse fenômeno também se verifica nas faixas etárias posteriores, sobretudo a partir dos 40 anos, conforme pode ser visualizado na tabela.

 

Variação % da população da Mesorregião Oeste Catarinense por faixa etária, 2000-2012
Menor de 1 ano – 18,38
1 a 4 anos – 24,98
5 a 9 anos – 21,43
10 a 14 anos – 7,68
15 a 19 anos – 1,65
20 a 29 anos + 15,36
30 a 39 anos – 0,34
40 a 49 anos + 29,44
50 a 59 anos + 47,40
60 a 69 anos + 44,93
70 a 79 anos + 50,42
Acima de 80 anos + 76,46

* Elaborado pelos autores, com base nos dados do IBGE, 2015.

 

Nas duas últimas décadas, a região vem passando por processo de estagnação econômica e de queda acentuada de seus principais indicadores sociais. No período de 2008 e 2012, enquanto o PIB brasileiro cresceu 44,84% e em Santa Catarina 43,79%, na Mesorregião Oeste o crescimento foi de apenas 13,07%. O mesmo se pode afirmar em relação à renda per capita. Enquanto no país a evolução, entre 2008 e 2012, foi de 45,79% e em SC, 36,34%, na Mesorregião Oeste Catarinense foi de apenas 11,16%. Tais dados revelam haver na Mesorregião uma clara tendência à estagnação econômica.

Na educação, a Mesorregião Oeste apresenta redução sistemática nas matrículas junto à Educação Básica. No período compreendido entre 2000 e 2012, as matrículas nos anos iniciais apresentaram redução de 26,30% (INEP, 2014). A explicação para tal decréscimo encontra-se na redução da população na faixa etária entre 5 e 9 anos, que no período compreendido entre 2000 e 2012 foi de 21,43% (IBGE, 2015). Nos anos finais do ensino fundamental, as matrículas tiveram, no mesmo período, uma redução de 40,05%, superior à registrada nos anos iniciais (INEP, 2014). Verificou-se, igualmente, com base nos dados do Inep, que houve uma redução do crescimento das matrículas no ensino médio. Os altos índices de repetência e evasão minam o ensino médio que, somado ao decréscimo da população nas faixas etárias menores, compromete a sua oferta nos próximos anos.

No Ensino Superior, a expansão na Mesorregião Oeste Catarinense ficou acima da média em relação à expansão verificada em outras mesorregiões do Estado. Entre 1991 e 2000, as matrículas da graduação presencial cresceram 233,52%; no mesmo período, as matrículas no país como um todo cresceram 72,15% e no Estado de SC, 146,34%.

Os pesquisadores explicam que o crescimento acima da média verificado na Mesorregião está associado à expansão das matrículas protagonizado por instituições comunitárias de educação superior, cujo processo de consolidação, enquanto universidades, deu-se nessa década. As microrregiões com maior evolução foram Xanxerê (423,02%), São Miguel do Oeste (378,16%) e Chapecó (347,9%). Nos anos 2001-2010, contudo, a evolução das matrículas da graduação presencial na Mesorregião foi menor (70,51%).

Já entre os anos 2011 e 2014, a evolução das matrículas da graduação presencial na Mesorregião Oeste, comparativamente ao Estado e ao país, foi menor. Enquanto na Mesorregião cresceram 3,63%, em SC cresceram 8,48% e no país, 12,86%. A partir de 2010, as matrículas no ensino superior na Mesorregião começam a estabilizar-se. Chama atenção a redução das matrículas na microrregião de Joaçaba (- 2,83%), uma vez que a cidade tem sido polo tradicional na oferta de ensino superior.

A partir dessa análise, os pesquisadores concluíram que o declínio acelerado da taxa de crescimento demográfico constatado nos últimos anos na Mesorregião Oeste, sobretudo da população mais jovem, somado aos sinais de estagnação dos indicadores socioeconômicos implicarão na estagnação e, até mesmo, na involução das matrículas em todos os níveis de ensino, em especial no ensino superior, fenômeno que já vem se manifestando nos quatro últimos anos. Ou seja, o cenário para a educação superior nos próximos anos será de estagnação.

Contudo, apesar desse cenário, ainda há espaço para a demanda de ensino superior na Mesorregião Oeste nos próximos anos, frente à constatação do aumento da cobertura e do número de concluintes do ensino médio verificado nos últimos anos. Estima-se, igualmente, que haverá, nos próximos anos, pressão ainda maior sobre o ensino superior proveniente de alunos de classes populares.

Por outro lado, instituições de ensino superior as mais diversas continuam se instalando na região, obrigando as Instituições de Ensino Superior (IES) comunitárias a conviverem com novos atores disputando o “mercado” educacional. Esse cenário aprofundará o acirramento da concorrência, já visível nos dias de hoje, uma vez que o ensino superior vem se transformando num “negócio” atrativo, o que explica a proliferação de IES privadas pelo país afora.

Receba as novidades da Unoesc

Usaremos seus dados para entrar em contato com você sobre informações correlacionadas que podem ser de seu interesse. Você pode cancelar o envio da divulgação, a qualquer momento. Para mais detalhes, leia nossa política de privacidade.