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Proteção da sociedade contra presos psicopatas na região é falha, aponta pesquisa de estudante

A psicopatia ainda é pouco entendida no Brasil.  Os estudos e produção científica ainda são insuficientes frente à necessidade de compreensão do transtorno. Reflexo disso é o ambiente penitenciário, onde não há avaliação para diferenciar psicopatas de criminosos comuns. Sem programas de reabilitação adequados, a possibilidade mais provável é a reincidência criminal. Essa fragilidade do sistema que deveria […]


A psicopatia ainda é pouco entendida no Brasil.  Os estudos e produção científica ainda são insuficientes frente à necessidade de compreensão do transtorno. Reflexo disso é o ambiente penitenciário, onde não há avaliação para diferenciar psicopatas de criminosos comuns. Sem programas de reabilitação adequados, a possibilidade mais provável é a reincidência criminal. Essa fragilidade do sistema que deveria proteger a sociedade contra psicopatas é tema de uma pesquisa realizada pela acadêmica do curso de Psicologia da Unoesc Joaçaba Andressa Abati. O estudo revela que na região os psicopatas encarcerados também seguem “anônimos”, sem diagnóstico.

Durante mais de um ano, sob a orientação da professora Scheila Beatriz Sehnem, Andressa pesquisou presidiários que cumprem pena em regime integralmente fechado por latrocínio (roubo seguido de morte), condenados a mais de 25 anos de reclusão, numa Unidade Prisional do Meio-Oeste catarinense. Seguindo esse critério, ela avaliou a personalidade de três presos a fim de investigar se possuíam traços de personalidade que permitissem caracterizá-los como psicopatas, estabelecendo uma relação entre esse transtorno e os crimes considerados hediondos que cometeram.

A pesquisa concluiu que os três sujeitos apresentam os sintomas-chave da psicopatia, entre eles eloquência, superficialidade, ausência de remorso, falta de empatia, manipulação, falsas emoções e impulsividade, mesmo que em intensidade e maneiras diferentes.

— Com esses dados, pude inferir que o modo de tratamento dispensado a esses sujeitos e o cumprimento da pena em unidades prisionais não especializadas, não é efetivo à correção, à reabilitação e à reinserção deles na sociedade, pois as próprias características do transtorno não levam o indivíduo a uma verdadeira recuperação — afirma a estudante.

Psicopatia não tem cura

Acadêmica do curso de Psicologia da Unoesc Joaçaba Andressa AbatiCom base na literatura, Andressa afirma que a psicopatia não tem cura, mas existe controle e remissão dos sintomas, em geral a partir dos 40 anos de idade, quando as características como, manipulação e contar mentiras começam a diminuir. Por isso, a necessidade de um diagnóstico prévio sobre possíveis transtornos em pessoas responsáveis por crimes marcados por extrema crueldade, além de assistência especializada durante o cumprimento da pena, principalmente quando eles já são reincidentes no sistema judicial, situação na qual todos os sujeitos da pesquisa se apresentaram.

De acordo com Andressa, seria imprescindível a separação dos psicopatas dos presos comuns, isso porque, no ambiente penitenciário, estes indivíduos são os grandes articuladores. Suas características favorecem seus procedimentos de contaminação do restante do grupo de internos. 

Outro indicativo feito pelo estudo é a criação de novos instrumentos para avaliação mais eficaz da psicopatia e a realização de novos estudos na área.  O tema, segundo a acadêmica, é relativamente recente na literatura científica e ainda está muito restrito a testes padronizados de avaliação e pesquisas essencialmente teóricas que apenas revisam os conceitos do transtorno.

O trabalho foi aprovado pela Bolsa de Pesquisa do Artigo 170 da Constituição Estadual, que incentiva pesquisas acadêmicas com relevância social e científica. A estudante está concluindo o curso e se forma no ano que vem. A ideia é continuar o estudo na área.

— Se nós, enquanto pessoas que trabalham para cuidar de outras, não acreditarmos na reabilitação, ninguém vai — conclui.

O que é psicopatia

A psicopatia é um transtorno antissocial da personalidade. Apesar da integridade das funções psíquicas e mentais, a conduta social da pessoa que sofre dessa anomalia se encontra patologicamente alterada. Por isso, não se pode relacionar diretamente a psicopatia com a criminalidade. Porém, é comum que indivíduos que apresentem traços da personalidade psicopática, tais como ausência de empatia aliada ao comportamento antissocial, estejam propensos à prática criminosa.

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